12/06/2012

CÃORRIDA! Leia se você ama seu cão! Att, André.


Bom pra cachorro

Você costuma levar seu cão aos treinos? Veja o que considerar para que vocês dois aproveitem a corrida sem riscos

Há quem não abra mão de companhia em sua corrida diária — e muitas vezes ela tem quatro patas. Correr com o cachorro deixa o treino mais divertido e diferente e cumpre a saudável função de fazer o bichinho gastar energias. “Tive uma lesão e estou retomando os treinos. A companhia da minha cadela Lua tem sido essencial”, diz o advogado Rodrigo Motta.
"Escolhi a raça da minha cachorra [labrador] já pensando em correr com ela. Desde o início tive muito cuidado, me preocupando com sua adaptação gradativa ao esporte e recebendo orientação do veterinário. Quando a Sol teve filhote [o Lua], eu o levei também para a atividade. Quando saio com eles, levo água e saquinho plástico para recolher qualquer sujeira pelo caminho. Eles adoram correr. E assim como para nós, humanos, a corrida os deixa mais tranquilos, com mais humor, além de melhorar o aspecto da pele, dos pelos, do sono, do intestino.”
Danilo Ferreira, 39 anos, dentista e ultramaratonista, corre com os labradores Sol, de 2 anos e meio, que já completou uma meia maratona, e Lua, de 1 ano e meio, que já fez sua estreia em provas de 10 km
“Depois que passamos a correr juntos, há uns seis meses, a Lua se apegou muito a mim. Minha mulher fica até com ciúmes”, brinca. “Estar com a Kimah nesse momento prazeroso do dia só fortalece nossos laços de amizade”, afirma a publicitária Tarsila Novaes, 28 anos, sobre sua golden retriever.
Mas é preciso tomar algumas providências antes de sair trotando por aí com seu cão. Nenhum cachorro ganha pique de maratonista de um dia para o outro. Assim como os humanos, o animal também precisa de condicionamento e treinamento para que o exercício seja eficiente e prazeroso. Sem isso, ele vai se cansar rápido e acabar atrapalhando o treino do dono. “A vida dos dois precisa estar interligada. O cão deve gostar de correr, além de ter características que permitam compartilhar alguns treinos com o dono”, afirma Miguel Sarkis, professor de educação física e treinador de corrida em São Paulo.
Teoricamente, todos os cachorros podem correr com o dono, mas algumas raças estariam geneticamente mais preparadas. “Há corredores natos, como os galgos. Whippets e border collies também se adaptam bem”, diz a médica-veterinária Silvia Parisi, do portal na internet Web Animal. Em contrapartida, outros, como bulldogs e pugs, não aguentam exercícios prolongados. “Esses cães com nariz achatado, chamados braquicefálicos, têm de fazer muito esforço para respirar durante a corrida, o que pode levar até a uma parada respiratória”, afirma a médica-veterinária Regina Motta, da clínica Homeo Patas, de São Paulo.
Se o cãozinho tem menos de 6 meses de idade, é idoso ou está muito acima do peso, a corrida também é contraindicada. A quantidade de pelos também influi. Aqueles cachorros com pelagem abundante vão sentir muito mais o treino que os de pelos curtos. “É necessário ter bom senso e não querer que o animal se submeta a um tipo de treinamento que está fora de sua capacidade”, fala Silvia Parisi. Até porque, segundo as especialistas, para agradar ao dono o bichinho é capaz de ir muito além do que aguentaria normalmente.


Saúde para os dois
O treinamento inicial do animal é muito parecido com o do ser humano: começa com caminhadas diárias, aumentando tempo, distância e ritmo de maneira gradativa. “O importante é que seja uma prática agradável para o cachorro, do contrário não faz sentido submetê-lo a algo que só é prazeroso para o dono”, diz Silvia Parisi.
É importante também saber que, por sua constituição, os cães aquecem muito mais rápido que nós. Daí ofegam para diminuir a temperatura corpórea. Assim, o início e o fim do dia são horários mais frescos e indicados para as corridinhas na companhia de seu bicho de estimação. “O animal ainda deve beber água e até isotônico durante o percurso, em pequenas quantidades”, diz a veterinária Regina Motta. E todo exagero — seja em ritmo, tempo ou intensidade — também poderá causar lesões musculares e articulares em seu amigão, principalmente na região dos membros.
O melhor lugar para levar seu cachorro para correr sempre será o parque, pela interação com a natureza e pela segurança. Outra coisa importante a se observar é como conduzir o animal durante a corrida. Deixar o cachorro correndo solto é arriscado, por mais treinado que ele seja. Uma fêmea no cio, um gato, outro cão que lata para ele, tudo pode fazer com que se desvie do caminho e provoque acidentes e inconvenientes. Fora que muitas pessoas se incomodam com a presença de um cachorro solto, mesmo se você jurar de pés juntos que “ele é mansinho, não vai fazer nada”. A pessoa terá razão em reclamar com você, gerando um constrangimento desnecessário. “Por lei, em locais públicos o cachorro deve ser levado com coleira e guia”, diz a veterinária Regina Motta.
Para o cão acompanhar seu ritmo, procure levá-lo sempre do seu lado esquerdo. Não deixe que ele o arraste, pois a má postura poderá afetar a coluna do dono. E nada daquelas guias compridas, que podem afastá-lo demais de você e ainda se enroscar pelo caminho, complicando sua corrida. “Já um cão agressivo não deve correr, pois é necessário o uso de focinheira e isso é contraindicado para animais que correm. O cão não poderá abrir a boca e ofegar, e sua temperatura corpórea chegará a níveis perigosos”, diz Silvia Parisi.
"Andamos todos os dias e corremos aos sábados. A Lua já conhece essa rotina do fim de semana. Tanto que, assim que desce do carro, quando chegamos à USP, ela já faz suas necessidades e fica pronta, como se dissesse que nada vai atrapalhar o treino.”
Rodrigo Motta, 29 anos, advogado, que conta com a companhia da vira-lata Lua, 3 anos, na retomada dos treinos

"Em casa, sempre tivemos a preocupação de proporcionar atividade física à Kimah, levando-a para passear e dar pequenos trotinhos. Mas com 1 ano e meio ela foi atropelada. Daí teve que fazer um ano de fisioterapia, com direito a natação duas vezes por semana e sessões de acupuntura. Isso ajudou o músculo da patinha a se reconstituir, para que ela voltasse a andar. Hoje a Kimah está bem e, apesar de mancar bem de leve, adora se movimentar. Não pode fazer grandes distâncias, mas fica louca quando vê gente correndo e quer ir atrás. Ela faz a festa quando a levo ao treino, junto do meu grupo. Sinto que o golden retriever, mais que outras raças, pede muita atenção.”

 
Tarsila de Moraes Novaes, 28 anos, publicitária, que compartilha a companhia da golden Kimah, 3 anos, com seu grupo de corrida
Parceiro no Relax
Por tudo isso, escolha bem o dia de levar seu pet para acompanhar seu treino. Afinal, você pode estar se preparando para uma maratona, mas ele não tem nada a ver com seu longão de 30 quilômetros. O ideal é curtir a companhia canina em ocasiões mais “descompromissadas”, quando o que menos importa é o resultado de tempo. “Leve-o quando sua planilha apontar uma rodagem leve ou um treino regenerativo”, afirma o treinador Rodrigo Florêncio, da RF Corrida & Saúde Assessoria Esportiva, de São Paulo. Para o professor Miguel Sarkis, desde que o cão seja treinado adequadamente, é possível imprimir um ritmo de corrida entre 5 e 7 minutos por quilômetro, em treinos de duas ou três vezes por semana. “O corredor terá uma companhia inestimável”, diz
Personal trainer de cachorro
Nos Estados Unidos, vem crescendo o número de grupos — geralmente formados por personal trainers — criados especialmente para correr com cachorros. Isso porque alguns cães, por terem muita energia, sofrerem de estresse ou serem obesos, recebem a indicação de veterinários para correr. Segundo Monica Clare, do Centro Cirúrgico e de Emer­gências Veterinárias de Los Angeles, passear com o cachorro é bom, mas alguns precisam de mais exercício que uma simples caminhada, e as pessoas que correm com eles podem provê-lo.
Seth Chodosh, um dos funda­dores da Running Paws, em Nova York, atende cerca de 150 clientes por semana. Para isso, emprega 24 corredores, muitos deles maratonistas. Para Josh Schermer, do NYC Dog Runners, com sete corredores, alguns donos sedentários pagam para que seus cãezinhos acumulem a quilometragem que não conseguem realizar. E o faturamento é bom: de 20 a 35 dólares por cachorro em cada corrida, de cerca de 30 a 45 minutos.
“No Brasil existem locais que treinam animais com necessidades especiais, mas isso é feito por veterinários fisioterapeutas e os exercícios são realizados em esteiras ou dentro de piscinas, sob supervisão. Personal trainers, sozinhos, não são pessoas indi­cadas para desenvolver o treinamento em cães”, afirma a veteri­nária Silvia Parisi. “Embora pareça fácil treinar um cão, acho necessário um acompanhamento multidis­ciplinar e veterinário”, diz o treinador Rodrigo Florêncio.
Quenianos caninos
Eles estão sempre na frente
Há cães que possuem aerodinâmica, musculatura e agilidade próprias para um bom desempenho em corridas. Digamos que eles se assemelham aos maratonistas: são altos, longos, magros e com curvatura suficiente para dar uma boa impulsão. São os chamados galgos — não exatamente uma raça, mas de um grupo de raças que inclui o greyhound, o whippet e o saluki. Conheça alguns desses cães “quenianos”.
Galgos
Os galgos são muito bons na caça. O greyhound corre a 60 km/h. O whippet, em curtas distâncias, a 65 km/h.
Huskies Siberianos
No Alasca, no Canadá e na Sibéria, os huskies dão um show nas corridas de trenó, esporte apreciado nesses países.
Border Coolie
O border collie é um cão rápido, mas não foi desenvolvido para a corrida e sim para o pastoreio.
Vira-lata
Os cães sem raça definida também podem se dar bem, basta ter uma herança genética própria para isso.










Consciência limpa
Faça do seu cão um cidadão
1. Quando sair para andar ou correr com seu cão, leve uma sacolinha plástica para recolher as necessidades, caso ele resolva parar para se aliviar.

2. Carregue uma garrafa própria para fornecer água ao bichinho. E respeite o limite de seu amigão: se ele cansar, você terá de interromper seu treino.
3. Não há proibição oficial a respeito da presença de cachorros em corridas de rua. Mas, considerando os riscos de o animal agredir um atleta, de ele ser “atropelado” por outros corredores e de atrapalhar o fluxo — além de ser necessário um suporte ao cão, com hidratação e atendimento veterinário —, em dia de prova é melhor deixar o amigão em casa.


Runners´s World Brasil


Por Yara Achôa | Fotos Renato Pizzutto



Um comentário:

  1. Muito legal!
    Tento sair com Zeus (meu pastor alemão) mas ainda não encontramos o equilíbrio, ele vai fazer 1 ano e está muito forte. Preciso de paciência e todo o cuidado, pois se eu deixar ele me arrasta, kkk!
    Beijão
    blog: http://correndocomamigos.blogspot.com.br

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